segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A gênese da depressão

femme qui pleure pablo picasso
Múltiplos elementos apresentam-se ligados à etiologia da depressão sendo que temos implicados fatores neuroquímicos, neuroanatômicos, genéticos e/ou multifatoriais.
Dentro do quadro depressivo temos a depressão bipolar (transtorno maníaco-depressivo) que alterna ciclos depressivos com períodos de mania e a depressão unipolar que se expressa por uma profunda tristeza ininterrupta e desesperança.
A depressão é apenas um termo empregado para nomear um tipo de transtorno de humor, transtorno esse que invariavelmente vai ser vivenciado nos mais diversos momentos e com diferente intensidade na vida de todas as pessoas. Separar tristeza e depressão fugaz acarretada por diversos acontecimentos da vida com uma real depressão clinica não é fácil. Avalia-se que ao menos de 10% a 15% das pessoas apresentam quadros depressivos advindos de problemas pessoais (causa multifatorial), o suicídio associado à depressão vítima em média 850.000 pessoas ao ano.
Freud em Depressão e melancolia faz um comparativo entre a melancolia (nome dado à depressão em alemão no tempo de Freud) e o luto fazendo comparações entre os dois e mostrando que a depressão é uma espécie de luto pela morte de algo em si e que luto e melancolia realmente só se difere pela morte narcisística do ego.
Neurotransmissores são substâncias químicas que tornam viáveis as transmissões de sinais entre os neurônios e as outras células do organismo operando como mensageiro cerebral.
Um desses neurotransmissores é a serotonina que é fabricada nos núcleos da rafe que se situa em nosso tronco encefálico e atua em diversas funções do corpo sendo essencial para nossas atividades.
Entre as diversas áreas de atuação a serotonina está diretamente relacionada aos distúrbios de humor, quando essa transmissão não ocorre de modo eficaz ou há queda da serotonina no SNC ela acarreta casos clínicos de depressão típica apresentando tristeza profunda, inapetência, insônia e desesperança; está é a depressão de origem endógena que é a depressão de origem orgânica causada pela bioquímica cerebral ou alterações no gene que regula a produção de serotonina, toda depressão que não seja multifatorial terá sua causa endógena.
A depressão além de estudada pelo campo bioquímico e psíquico também é pesquisada pela biofísica, estudos de neuroimagem funcional vêm mostrando alterações nas áreas frontais em vários pacientes deprimidos sejam unipolares ou bipolares. Tais mudanças anatômicas do córtex orbital bilateral em pacientes deprimidos foram captadas com o uso de RM, onde foi notada uma diminuição do fluxo sanguíneo, o córtex pré-frontal está amplamente ligada aos aspectos emocionais do individuo.
Certas anormalidades na anatomia cerebral permanecem mesmo com a melhora do quadro depressivo unipolar e demonstra deixar alterações permanentes no cognitivo, foram observadas alterações na capacidade de seqüenciação vísuo-espacial, atenção e memoria imediata se comparada a indivíduos normais, e tais alterações também se faz presente em fases assintomáticas todos esses déficits estão relacionados à gravidade dos quadros depressivos sendo mais expressivos nos pacientes que necessitaram de internação hospitalar.
Desde o séc. XIX já se observava que a depressão tinha incidência em determinadas famílias assim como outros distúrbios psiquiátricos sugerindo uma origem genética para a gênese da depressão; para se investigar a depressão de origem genética existe a dificuldade de se precisar um fenótipo por ser um distúrbio com várias nuances de sintomas e vários graus de gravidade.
Para analisar os graus dos episódios depressivos nas populações pesquisadas usa se a escala Kappa.
Nos últimos 30 anos os estudos familiares da depressão segue a classificação indicada por Leonhart e esta classificação subdivide as alterações de humor em distúrbio bipolar e distúrbio depressivo unipolar.
As pesquisas genéticas mostram um risco aumentado de três vezes para a depressão unipolar, enquanto que para o transtorno bipolar esta aumentada cerca de sete vezes comparando a população geral com quem tem parentes de primeiro grau com respectivos distúrbios.
Varias pesquisas para comprovar as causas genéticas foram pesquisadas em gêmeos monozigóticos (MZ) e dizigóticos (DZ) já que teriam a mesma influência multifatorial-ambiental e no caso os MZ teriam praticamente o mesmo material genético diferente dos DZ.
Para separar a influência biológica da ambiental foram feita pesquisas da doença em adotados. Constatou-se a presença dos distúrbios de humor em 28% dos pais biológicos, comparado à prevalência de 12% nos pais adotivos, mostrando que a influencia genética é maior que a ambiental para a depressão.

Texto feito por Simone Helena Cunha  estudante de biomedicina