femme qui pleure pablo picasso |
Múltiplos elementos apresentam-se ligados à etiologia
da depressão sendo que temos implicados fatores neuroquímicos, neuroanatômicos,
genéticos e/ou multifatoriais.
Dentro do quadro depressivo temos a depressão
bipolar (transtorno maníaco-depressivo) que alterna ciclos depressivos com períodos
de mania e a depressão unipolar que se expressa por uma profunda tristeza ininterrupta
e desesperança.
A depressão é apenas um termo empregado para nomear
um tipo de transtorno de humor, transtorno esse que invariavelmente vai ser
vivenciado nos mais diversos momentos e com diferente intensidade na vida de
todas as pessoas. Separar tristeza e depressão fugaz acarretada por diversos
acontecimentos da vida com uma real depressão clinica não é fácil. Avalia-se
que ao menos de 10% a 15% das pessoas apresentam quadros depressivos advindos
de problemas pessoais (causa multifatorial), o suicídio associado à depressão vítima
em média 850.000 pessoas ao ano.
Freud em Depressão e melancolia faz um comparativo
entre a melancolia (nome dado à depressão em alemão no tempo de Freud) e o luto
fazendo comparações entre os dois e mostrando que a depressão é uma espécie de
luto pela morte de algo em si e que luto e melancolia realmente só se difere
pela morte narcisística do ego.
Neurotransmissores são substâncias químicas que
tornam viáveis as transmissões de sinais entre os neurônios e as outras células
do organismo operando como mensageiro cerebral.
Um desses neurotransmissores é a serotonina que é
fabricada nos núcleos da rafe que se situa em nosso tronco encefálico e atua em
diversas funções do corpo sendo essencial para nossas atividades.
Entre as diversas áreas de atuação a serotonina
está diretamente relacionada aos distúrbios de humor, quando essa transmissão
não ocorre de modo eficaz ou há queda da serotonina no SNC ela acarreta casos
clínicos de depressão típica apresentando tristeza profunda, inapetência, insônia
e desesperança; está é a depressão de origem endógena que é a depressão de
origem orgânica causada pela bioquímica cerebral ou alterações no gene que regula
a produção de serotonina, toda depressão que não seja multifatorial terá sua
causa endógena.
A depressão além de estudada pelo campo bioquímico e
psíquico também é pesquisada pela biofísica, estudos de neuroimagem funcional
vêm mostrando alterações nas áreas frontais em vários pacientes deprimidos
sejam unipolares ou bipolares. Tais mudanças anatômicas do córtex orbital
bilateral em pacientes deprimidos foram captadas com o uso de RM, onde foi notada
uma diminuição do fluxo sanguíneo, o córtex pré-frontal está amplamente ligada
aos aspectos emocionais do individuo.
Certas anormalidades na anatomia cerebral permanecem
mesmo com a melhora do quadro depressivo unipolar e demonstra deixar alterações
permanentes no cognitivo, foram observadas alterações na capacidade de
seqüenciação vísuo-espacial, atenção e memoria imediata se comparada a indivíduos
normais, e tais alterações também se faz presente em fases assintomáticas todos
esses déficits estão relacionados à gravidade dos quadros depressivos sendo
mais expressivos nos pacientes que necessitaram de internação hospitalar.
Desde o séc. XIX já se observava que a depressão tinha
incidência em determinadas famílias assim como outros distúrbios psiquiátricos sugerindo
uma origem genética para a gênese da depressão; para se investigar a depressão
de origem genética existe a dificuldade de se precisar um fenótipo por ser um
distúrbio com várias nuances de sintomas e vários graus de gravidade.
Para analisar os graus dos episódios depressivos
nas populações pesquisadas usa se a escala Kappa.
Nos últimos 30 anos os estudos familiares da depressão
segue a classificação indicada por Leonhart e esta classificação subdivide as alterações
de humor em distúrbio bipolar e distúrbio depressivo unipolar.
As pesquisas genéticas mostram um risco aumentado
de três vezes para a depressão unipolar, enquanto que para o transtorno bipolar
esta aumentada cerca de sete vezes comparando a população geral com quem tem
parentes de primeiro grau com respectivos distúrbios.
Varias pesquisas para comprovar as causas genéticas
foram pesquisadas em gêmeos monozigóticos (MZ) e dizigóticos (DZ) já que teriam
a mesma influência multifatorial-ambiental e no caso os MZ teriam praticamente
o mesmo material genético diferente dos DZ.
Para separar a influência biológica da ambiental
foram feita pesquisas da doença em adotados. Constatou-se a presença dos distúrbios
de humor em 28% dos pais biológicos, comparado à prevalência de 12% nos pais
adotivos, mostrando que a influencia genética é maior que a ambiental para a
depressão.
Texto feito por Simone Helena Cunha estudante de biomedicina